“A poluição é uma escolha de design”: ativista culpa marcas pela poluição de plástico
Escovas de dentes, isqueiros, brinquedos, cotonetes, garrafas, talheres e sacos de plástico são alguns dos inúmeros detritos que invadem diariamente as praias de todo o mundo. No mar, a sua velha escova de dentes pode já ter viajado mais do que você.
“Os criadores da poluição adoram a ideia da responsabilidade e da escolha do consumidor porque lhes retira qualquer responsabilidade pelas suas escolhas de design”, diz Paul Sharp, presidente e cofundador do projeto Two Hands.
Mas será que a poluição de plástico é culpa dos consumidores?
O projeto Two Hands acha que não. Os seus fundadores defendem que os fabricantes deveriam ser responsabilizados e que alguns produtos não deveriam, simplesmente, existir.
“Objetos como isqueiros e escovas de dentes, que são feitos de plástico muito sólido e pesado, estão perfeitamente adaptados para grandes viagens no oceano. Portanto, podemos atirar um deles para o mar no Reino Unido, que ele poderá sobreviver a uma viagem até ao outro lado do mundo”, explica Paul Sharp. “Antes de existirem estes isqueiros descartáveis, tínhamos um isqueiro que durava uma vida. Recarregava-se e reutilizava-se.”
Mas os plásticos são baratos, resistentes e práticos e é isso que os torna tão perigosos para o ambiente.
“É importante que se encontre uma solução de design para fechar essa torneira [de plástico para o mar] e precisamos que os líderes destas indústrias, as Coca-Colas, as Unilevers, as Colgates, as Dells – todos estes nomes importantes – digam: ‘Ok, vamos oferecer embalagens e produtos que não provocam poluição’. Tão simples como isso. E eles podem fazê-lo. A poluição é uma escolha de design.”
“Pollution is a design choice”: The @2handsproject blames big companies for plastic pollution #OceanRescue pic.twitter.com/OxeVhEn8yP
— Sky Ocean Rescue (@SkyOceanRescue) 27 de abril de 2017
OhNoItsJoana
E se deixassemos de procurar um bode espiatório e começassemos todos a tomar acção individualmente para reduzir o impacto do plástico? Não nos podemos continuar a fazer de inocentes enquanto escolhemos comprar estes artigos, porque vamos ser honestos: são mais práticos que os outros. As alternativas estão lá, se não as escolhemos a culpa é nossa. E se não nos responsabilizamos pelos nossos resíduos individuais também é.
Por outro lado banir os plásticos por completo é impossível e traria consequências bem mais graves. Por exemplo, na saúde é impossível banir. Por outro lado se voltassemos às garrafas de vidro (o que pode ter vantagens para a saúde por não conterem possíveis tóxicos como BPA), como são mais pesadas complicavam o transporte e provavelmente resultava em maior libertação de gás com efeito de estufa. Por outro lado ainda não há substituto para o plástico por isso na grande maioria dos casos nem sequer é uma questão de design ou escolha!
Não há uma solução definitiva. Temos que jogar com todas as variáveis e procurar a combinação que melhor resulta na gestão do plástico e dos seus resíduos.
5 de Maio, 2017