Balões são o lixo marinho mais mortífero para as aves, diz estudo
São coloridos e alegres e fazem-nos lembrar festas e momentos de diversão. Mas o que acontece aos balões que largamos, sem querer ou de propósito, e que desaparecem no céu? A verdade é que podem ter consequências devastadoras para os animais selvagens.
Uma equipa de investigadores australianos estudou os efeitos da ingestão de plástico por parte das aves marinhas, analisando o conteúdo intestinal de espécimes mortos, e descobriu que os plásticos maleáveis – como os balões – são os mais letais para estes animais.
“Embora os plásticos maleáveis tenham representado apenas 5% dos itens ingeridos, foram responsáveis por mais de 40% das mortes”, disse Lauren Roman, investigadora que liderou o estudo. “Os balões ou os seus fragmentos foram o detrito marinho mais suscetível de causar mortalidade, matando quase uma em cada cinco das aves marinhas que os ingeriram.”
“Entre as aves que estudamos, a principal causa de morte foi a obstrução do trato gastrointestinal, seguida por infeções e outras complicações provocadas por obstruções gastrointestinais”, contou a investigadora da Universidade da Tasmânia e da Organização para a Investigação Industrial e Científica da Commonwealth da Austrália (CSIRO).
“Os balões são feitos de um polímero que persistirá no ambiente durante muito tempo”, lembrou Mark Hamann, biólogo da Universidade de James Cook.
Albatroz-de-cabeça-cinzenta junto a um fragmento de balão removido do seu aparelho digestivo | Foto: Lauren Roman
Embora a maioria dos balões retirados das aves estudadas estivessem degradados e não ostentassem logotipos ou mensagens, Lauren Roman acredita que se tratavam de balões de festa.
“Já removi um balão [de um pássaro] que tinha ‘feliz aniversário’ escrito nele”, disse. “Descobrimos um balão no qual se via a marca de uma empresa e conseguimos associá-lo a um evento em Sunnybank. Tratava-se, muito provavelmente, de um balão que uma criança tinha soltado.”
O estudo concluiu que a probabilidade de a ingestão de um balão conduzir à morte de uma ave é 32 vezes superior à da ingestão de um item de plástico rígido.
“Como estudos semelhantes sobre a ingestão de plástico por parte de tartarugas marinhas descobriram, parece que, ao passo que os fragmentos de plástico rígido podem passar rapidamente pelo intestino, os plásticos moles têm mais probabilidade de se comprimirem e de causarem obstruções fatais”, explicou a investigadora.
Albatroz-de-sobrancelha morto, à deriva no mar, preso à fita de um balão | Foto: Todd Burrows
Para o estudo, os investigadores compararam mais de 1700 aves da ordem Procellariiformes, que inclui, por exemplo, pardelas e albatrozes.
A equipa levantou a hipótese de as aves serem atraídas pelos fragmentos de balão a flutuar perto da superfície por estes se assemelharem a lulas. Estudos anteriores tinham revelado que as aves marinhas também são atraídas pelo plástico a flutuar no mar por este emitir o cheiro de um composto de enxofre do qual diversas espécies se servem para encontrar alimento.
Embora o novo trabalho de investigação mostre que os itens maleáveis, como os balões, são mais perigosos, Lauren Roman lembra que todos os plásticos representam uma ameaça para as aves marinhas.
“Embora seja menos provável que os plásticos rígidos matem do que os maleáveis, os primeiros foram, mesmo assim, responsáveis por mais de metade das mortes de aves marinhas identificadas no nosso estudo.”
“A ingestão de plástico eleva o risco de mortalidade das aves marinhas e uma única peça pode ser fatal”, explicou a investigadora. “A evidência é clara de que, se queremos que não haja mais aves marinhas a morrer devido à ingestão de plástico, precisamos de reduzir ou remover o lixo marinho do seu ambiente, particularmente os balões.”
Várias cidades e vilas têm vindo a proibir o lançamento de balões. Em maio do ano passado, algumas cidades norueguesas interditaram a venda de balões de hélio durante as festividades do Dia da Constituição da Noruega. A vila de New Shoreham, nos EUA, também proibiu a venda e utilização de balões em 2018.
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