reCloset: o projeto que quer dar notoriedade à roupa em segunda mão
O UniPlanet falou com a Ana Lopes, cofundadora da reCloset, que nos apresentou este projeto.
UniPlanet (UP): Como nasceu a reCloset?
A reCloset nasceu de muitas conversas entre duas amigas, que se conhecem há muito, e que foram partilhando entre si as suas preocupações com a sustentabilidade do planeta. Começou por partilharmos dicas para reduzir desperdício, comprar menos e melhor e repensar comportamentos. E evoluiu para pensarmos o que poderíamos fazer com as nossas competências e conhecimento.
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UP: O que é para ti moda sustentável?
Moda sustentável é a que tem em consideração os três pilares da sustentabilidade – ambiental, social e financeiro. É aquela que procura soluções com menor impacte ambiental ao longo da cadeia de valor, ao nível das matérias-primas, métodos de fabrico ou transporte. Aquela que tem em consideração todos os intervenientes da cadeia de valor, em termos de segurança e condições dignas no trabalho, assim como salários adequados. E, finalmente, aquela que procura um modelo de negócio sustentável, que lhe permite reinvestir e suportar todos os custos associados.
A segunda mão está mais no domínio da moda consciente, pois é feita de peças que já circulam e para as quais se pretende que ganhem nova vida, mesmo aquelas que não tiveram qualquer consideração ambiental ou social na sua conceção.
UP: Achas que ainda há muito preconceito em relação à moda em segunda mão?
Cada vez menos, parece-nos, mas ainda existe um pouco. Mas mais do que preconceito, a moda em 2ª mão é ainda uma falta de hábito. Não existem tantas lojas em 2ª mão, como lojas de peças novas, e acaba por ser menos prático procurar estas soluções, quando se pensa em comprar roupa. É uma opção muito consciente e que precisa de ser incorporada numa mudança de comportamento de compra.
UP: O que torna a fast fashion tão insustentável?
O seu modelo de negócio, sem dúvida. A fast fashion obriga à produção de grande volume, para manter os custos unitários reduzidos e ser possível praticar preços muito baixos. Esse volume não é calculado com base na necessidade do mercado, mas sim na premissa de manter os custos baixos. E para manter os custos baixos, toda a cadeia de valor tem de ser “espremida”, desde os recursos, aos trabalhadores, ao transporte e ao armazenamento. Ora, quando falamos numa cadeia de valor baseada em custos muito baixos, muito facilmente é desconsiderado o impacte ambiental da produção das peças, por exemplo ao nível dos tecidos ou do tingimento. Ou do próprio descarte das peças não vendidas. E, finalmente, mas não menos importante, o impacte social de condições de trabalho indignas em países com leis laborais muito fracas.
UP: Onde podemos encontrar mais informação sobre a reCloset?
A reCloset tem um site, em www.recloset.net, onde publicamos artigos no nosso blog, relacionados com moda, impacte ou estórias com peças em 2ª mão. E, claro, a nossa loja online com todas as peças que temos disponíveis para venda.
Também estamos presentes numa loja da Miosótis, em Lisboa, com um ponto de venda com uma seleção de peças, que é revisto semanalmente.
Podem acompanhar-nos também no nosso Instagram, onde vamos partilhando dicas, inspiração e, claro, as nossas peças em 2ª mão.